26 dezembro 2008

Bacalhau à Seu Alfredo

Sou íntima das panelas, modéstia parte em geral me saio bem mesmo nas experimentações mais estapafúrdias. Entre os amigos, já desfruto até do prestígio de ter "mão boa" (e, confesso, fico toda cheia com os elogios). Mas, curiosamente, este é um dos meus dotes que minha família pouco conhece - até porque é duro fazer mãe, tias, avós e afins largarem a missão... Então foi passando, até que numa dessas reuniões de família eu abri a boca e disse que do Natal de 2008 cuidaria eu. No início de dezembro, as matronas me cobraram, certas de que eu ia desistir. Depois, quando abracei a missão, queriam meter a colher. E eu, claro, não deixei de jeito nenhum!

Bom, escalei prima e irmã, deleguei tarefas e inventei de fazer para a véspera uma bacalhoada, embora nunca tivesse feito uma antes. Em geral, não vejo problema algum com novidades - pego receitas, faço minhas invencionices e em 99% das vezes dá super certo. A questão era o 1% que podia dar errado... Não se tratava de mais um jantarzinho. Era a ceia de Natal da minha família, uma turma de 20 pessoas. Aí, me deu um medinho de fazer feio diante daquelas cozinheiras tarimbadas! Ok, se desse errado, tudo ia acabar em risada, como tudo na minha família. Mas eu fui tomada de uma encanação: não queria de jeito nenhum que o Natal de 2008 fosse lembrado como "o dia em que a Mônica pagou o mico diante das panelas".

Então, além de ler mil receitas na internet e pesquisar em livros, eu tratei de ir falar com quem entende. Seu Alfredo, pai de uma amiga lá de Bauru, tem a cozinha como profissão e muito atenciosamente me deu dicas preciosas. Claro, como de costume, não segui 100% à risca. Mas deu super super super certo, as pessoas amaram e eu estou tão feliz hoje! Em dois dias de comilança, teve também entradas, acompanhamentos, sobremesas, tender, pernil, camarão da moranga... Mas foi o bacalhau o maior sucesso. De repente mãe e tias (elas que sabem tudo!) queriam "a minha" receita. Ah, demais! O segredinho, que fez toda a diferença, foi fazer um refogado de cebola, tomate e salsinha, tudo bem picadinho, em vez de colocar apenas estes ingredientes levemente salteados entre as camadas do peixe. Além disso, o peixe não passou por água quente. E tudo isso foi coisa do Seu Alfredo. Por isso, assim batizo a minha mais nova especialidade. Não é à Gomes de Sá, à José Maria e nem à Pardal Monteiro (todas variações típicas de Portugal). A minha receita de bacalhau é o Bacalhau à Seu Alfredo. Vai aí um passo a passo, testado e aprovado!

Em tempo: família já marcou uma nova bacalhoada para eu fazer em fevereiro. Fora isso, eu ainda não sei que desculpa vou dar para fazer mãe e tias assumirem a ceia do Natal 2009. Gostei da brincadeira, mas cansou demais!! Tem horas que eu prefiro ser convidada mesmo.


Bacalhau à Seu Alfredo

1 quilo de bacalhau em postas dessalgado
14 tomates
3 cebolas
10 batatas
1/2 maço de salsinha
2 ovos
200 gramas de azeitona portuguesa
1 pimentão vermelho
alho, azeite, pimenta e sal

Modo de fazer:
- Corte as batatas em rodelas e cozinhe-as levemente (não devem ficar muito moles, para não desmanchar).
- Numa panela, frite alho no azeite e junte a salsinha, 12 tomates e duas cebolas picadinhos. Tempere com pimenta do reino e sal, sem exagero! Coloque um pouquinho de água, para fazer um refogado encorpado.
- Forre o fundo do refratário com uma camada desse refogado, em seguida coloque as postas do peixe, mais refogado e depois uma camada de batatas. A cada nova camada, regue com azeite e jogue um pouco de azeitona, ok? Alterne as camadas até acabar os ingredientes, deixando por último uma camadinha do molho refogado. Por cima, fatie dois tomates, uma cebola e o pimentão.
- Cubra com papel alumínio e leve para o forno (durante o cozimento, é normal soltar muita água e derramar. Por isso, coloque uma forma sob o refratário). Fica pronto em cerca de 1h.
- Antes de servir, decore com azeitonas e ovos cozidos.

21 dezembro 2008

Refrigerante 15, muito prazer

Há quase dois anos, por motivos profissionais, tenho ido muito a Jaú, no interior de São Paulo, a 299 km da capital. E desde a primeira vez uma coisa me chamou a atenção: o fanatismo por um tal refrigerante que só vejo no cardápio de bares e restaurantes e nas prateleiras de supermercados daquelas bandas. É assim: para a maior parte dos jauenses, depois da Coca-Cola, o melhor refrigerante do mundo é Refrigerante 15, disponível em cinco sabores: guaraná, cola tradicional e light, laranja, maçã e soda limonada, que é o mais vendido de todos. Alguns, aliás, não titubeiam em colocar o 15 no topo da lista.

Curiosa que sou, provei guaraná 15 e, claro, continuo achando que o Antarctica, com laranja e uma pedrinha de gelo, é imbatível. Mas gosto não se discute, sobretudo, quando entra em jogo aquela coisa de memória afetiva, né? Eu, que tomei muita Tubaína (produzida pela empresa Ferráspari, de Jundiaí desde os anos 40, e imitada à exaustão) quando era criança, sou capaz de jurar que aquela bebida tutti-fruti é uma delícia.

Só para ter uma idéia do poder da marca Refrigerantes 15, a fábrica completa no próximo ano 85 anos de atividade e produz, por dia, 72 mil litros de refrigerante. As garrafas pet de 2 litros são distribuídas para as cidades situadas no raio de um 100 km da cidade de Jaú. O Refrigerantes 15 é ainda o patrocinador oficial de outra paixão da cidade, o time de futebol XV de Jaú, também um veterano prestes a completar 85 anos e que em 2009 vai disputar a série A3 do Campeonato Paulista.

Rapidamente, lembro de outros dois refrigerantes regionais que fazem sucesso de montão:

Guaraná Jesus: produzido em São Luís, no Maranhão, e invenção de um farmacêutico nos anos 20. Ele tentava criar um remédio a base de guaraná e outros dezesseis ingredientes amazônicos usando uma máquina de gaseificar. Jesus, como era chamado o farmacêutico ateu, acabou criando a famosa bebida cor-de-rosa com gosto de cravo e canela, hoje um dos símbolos culturais do Maranhão. A Coca-Cola, que não é boba nem nada, foi lá e pagou uma fortuna para ser o distribuidor do Guaraná Jesus.

Mineirinho: é um refrigerante de guaraná e chapéu-de-couro, fabricado em São Gonçalo e distribuído principalmente no estado do Rio de Janeiro. O nome deve-se a sua origem: ele nasceu em Ubá, Minas Gerais, em 1946. Foi só nos anos 80 que uma empresa fluminense comprou os direitos de fabricar a bebida, hoje distribuída pela Brahma. A produção é pequena e a versão mais facilmente encontrada no Rio é o Mineirinho em garrafa pet. Mas, com sorte, você acha também naquelas máquinas post-mix, que tem Pepsi e outros refrigerantes Brahma.
E você? Conhece, é fã, ou já provou algum refrigerante regional? Conte aqui, ajude a aumentar a lista!

09 dezembro 2008

Meu novo necessàire

Outro dia, aqui mesmo nesse blog, ao narrar a dificuldade que foi cozinhar sem nenhum temperinho lá no Saco do Mamanguá, eu prometi que ia montar uma maletinha de temperos viajante. A idéia ficou na cuca desde então - e fiquei pensando em tudo o que poderia ter comigo sempre, em todos os lugares... Mas, claro, foi preciso impor limites às minhas idéias malucas, senão em vez de uma maletinha de temperos, eu teria mesmo era de sair por aí puxando uma mala de rodinhas.

Como a vida precisa ser simples, decidi reduzir meu kit de primeiros socorros na cozinha a apenas seis vidrinhos (daqueles de geléia mini - paguei míseros R$ 0,87 por cada na 25 de Março). O resultado está aí. Onde quer que eu vá (na praia, na fazenda, no camping...), terei sempre à mão a partir de agora:

Orégano: para os antigos gregos, ele tinha o poder mágico de trazer felicidade. E eu concordo: dá vida nova a um simples tostex de queijo branco, perfuma a berinjela à parmegiana, o molho de tomate e, claro, as pizzas!


Curry: o exótico tempero de origem indiana é, na verdade, a mistura de muuita coisa. Pode levar até uns 20 ingredientes diferentes, mas em geral tem canela, vários tipos de pimenta, cardamomo, gengibre (qualquer dia vou tentar fazer em casa, aí conto o resultado e se der certo passo a receita). O fato é que além de deixar a comida com cor vibrante, dá um sabor danado. Vai bem em sopas, legumes, molhos... Eu adoro no arroz e no frango.
Pimenta-do-reino: outra especiaria de origem indiana, mas o Brasil atualmente é um dos maiores produtores do mundo. Nem precisa dizer nada, né? Dá aquele adorável toque leve e picante e vai bem em tudo. Para peixes, basta sal, limão e uma pimentinha-do-reino (se moer os grãos na hora, fica mais gostoso ainda).

Ervas de Provence: estas inclui no kit feito trapaça mesmo, porque em vez de uma, tem várias ervas de uma só vez. Trata-se de uma mistura característica do sul da França. A que eu tenho combina alecrim, tomilho, manjerona, salsa, estragão, flores de lavanda, aipo e louro em folhas. Duas colheres de chá fazem maravilha a um quilo de frango inteiro.

Páprica: vem do pimentão vermelho, seco e moído, e tem, dizem, origem latino-americana - mais especificamente, do México. Pode ser mais ou menos picante e é bastante usada também na Espanha, em Portugal (nos embutidos) e no goulash dos húngaros. Fica legal em peixes, carnes, sopas, com batatas...

Manjericão: adotado principalmente nas cozinhas italiana e francesa, mas minha dica é que vai bem em tudo o que leva tomate. Sou especialista em transformar qualquer pedaço de pão esquecido (mesmo sem ser italiano) em bruschettas: é só cobrir com tomatinho picado, queijo, manjericão (claro, as folhinhas frescas são muuuito melhores) e um fio de azeite, levar ao forno e... pronto!
PS.: Ainda não achei a maletinha ideal para os vidrinhos, não vejo a hora de viajar e usar meus temperos de viagem e, claro, continuo na busca de uma solução mágica para carregar ervas frescas em vez das desidratadas.

08 dezembro 2008

Harry Pisek, agora em SP


Meu sobrinho de dez anos vive aquela fase em que batata frita, catchup e mostarda compõem a refeição mais perfeita que pode existir. Mas há um fato em que me agarro para acreditar que isso é coisa da idade, de um paladar ainda não evoluído e que, sim, um dia, o moleque vai saber apreciar as boas coisas da mesa. E isso tem haver com Harry Pisek, dono do restaurante de mesmo nome lá em Campos do Jordão. Miriam, a mulher dele, que também é chef de mão cheia, faz uma mostardas incríveis, que são o acompanhamento perfeito para os embutidos da casa. Tempos atrás dei um vidro desta mostarda, da variação que leva açúcar mascavo, para meu sobrinho. Desde então, ele vive a proclamar que foi a melhor mostarda que já comeu na vida (e olha que, apesar da pouca idade, ele é especialista na coisa).

A boa notícia, que surrupiei do blog Garfolândia, é que o Harry Pisek abriu no início do mês uma filial paulistana de seu restaurante, eleito pelo Guia 4 Rodas como o melhor restaurante alemão do Brasil, no bairro Higienópolis (R. Tupi, 816, Higienópolis, 3662-2349), Ainda não fui experimentar - mas vou. E, claro, na saída, vou comprar os ótimos embutidos e mais uns vidros de mostarda para o pequeno. Afinal, paladar é coisa que pode ser treinada!

05 dezembro 2008

Nas bancas 2

Chegaram às bancas, juntinhos, dois trabalhos que eu curti fazer em momentos diferentes. O 101 Praias de Sonho (Ediouro, R$ 39,90) reúne, é claro, 101 praias que você precisa de ir qualquer jeito agora ou um dia. Meu trabalho foi juntar todas as informações colhidas pela equipe do Guia Quatro Rodas país afora e editar num único texto, leve e gostoso de ler.

O outro é o VIP Guia de Estilo (Abril, R$ 19,90), um manual do que pode e não pode para homens (ótimo presente de Natal para aquele cara que vive comentendo equívocos). É claro que toda minha experiência em moda masculina até então era palpitar na roupa do namorado. As dicas todas são de Marília Campos Mello, editora de Moda da VIP. Eu somei forças na edição de texto e no fechamento do guia. E, de quebra, agora acho que posso palpitar mais ainda.

28 novembro 2008

O melhor bolo de chocolate do mundo...agora em Higienópolis


Batizado assim por um portuga nada modesto, a confeitaria O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo vende, é claro, o tal melhor bolo de chocolate do mundo. Não gosto de conclusões definitivas, sobretudo quando o assunto é doces, minha paixão. Mas o fato é que o tal bolo é mesmo muuuito bom! A marca portuguesa, na ativa em Lisboa desde o fim dos anos 80, abriu sua primeira loja aqui no ano passado, na Oscar Freire, nos Jardins. Desde o início deste mês, está em funcionamento a segunda loja, na Rua Alagoas, no bairro Higienópolis - e ainda tem uma terceira para inaugurar na Vila Madalena neste finalzinho de ano.

Lá, é claro, você tem de pedir o incrível bolo que não leva farinha nem fermento: é feito com o chocolate de alta confeitaria francesa Valhrona e está disponível em duas versões, a tradicional e a meio-amarga, que tem 70% de cacau (esta é a minha versão preferida!!).

Mas, antes, coma uma empadinha ou um sanduíche recheados com o autêntico queijo da Serra da Estrela. Ai que saudade da terrinha... Aqui, isso é raro e custa uma fortuna, mas, meses atrás, quando estive por lá, eu comia esse queijo como se fosse queijo Minas!

27 novembro 2008

Então... é Natal!

Não vou dizer que o ano voou, porque fiquei sabendo que o tempo parece passar mais rápido para os mais velhos - logo, não é o meu caso. 2008 está durando o que tem de durar, mas feito um passe de mágica eu tive a certeza de sua finitude. Foi assim: tirei uma semaninha de praia e, quando voltei, tudo mudou.

Os supermercados estão recheados de panetones (agora parece que toda marca de biscoito também vende panetone e uma amiga acaba de me contar que já está fazendo os dela em casa), a Oscar Freire à noite está todinha iluminada e as vitrines tem neve (artificial, of
course). Mas a certeza mais absoluta, real e, claro, deliciosa, foi ganhar meu primeiro presente de Natal ontem. Verdade que tomei um susto quando minha amiga Edmary chegou com a caixinha embrulhada - mas foi tudo de bom! Para quem não sabe (já falei disso aqui no blog), eu adoro chás. Vejam então essa caneca de porcelana, com coador para infusão e colherzinha. Não é a minha cara? Adorei!

PS.: Apesar do título deste post, sinto calafrios quando ouço Simone cantar "Então é Natal". Mas se for para ganhar mais presentes, eu suporto!

26 novembro 2008

O Ritz agora é smokefree

O descolado Ritz decidiu aderir ao movimento smokefree. Isso quer dizer que lá dentro ninguém mais pode fumar. Não sou fumante, não vou discorrer sobre os malefícios do tabaco e muito menos sobre os direitos de quem fuma ou não fuma. Mas eis um assunto que dá pano pra manga.

Confesso que acho tudo de bom almoçar ou jantar sem levar umas baforadas. Mas também confesso que entendo quando um fumante diz que noite, papo e cerveja são indissociáveis do cigarro... Bem, como ficou claro, eu não tenho opinião formada (o que vocês acham, heim???), mas cá com meus botões acho que isso não é uma modinha passageira não. Nas principais capitais do mundo, tem muito bar, café e restaurante smokefree.

Bom, então, só me resta fazer um pedido: amigos fumantes, peloamordedeus, não deixem de me acompanhar ao Ritz quando a minha vontade por aquele hambúrguer delicioso (sim, continua ótimo, devorei um semana passada) bater forte demais! A casa promete que serão colocados mais cinzeiros à disposição dos clientes nas áreas externas da unidade dos Jardins (Alameda Franca, 1088. Tel.: 3088-6808) e também na do Itaim (Rua Jerônimo da Veiga, 141, Tel.: 3079-2725). Pensando bem, vai, não custa nada ir lá fora acender o seu né?
A medida vale a partir de quinta, 27 de novembro. Ou seja: esta é a última noite para você, fumante inverterado mas que adora o clima do Ritz, soltar umas baforadas por lá.

20 novembro 2008

Saco do Mamanguá - a magia do tempero

...Continuação do post anterior - Sou fanática por especiarias, temperinhos e tudo o mais que pode dar um sabor inusitado à comida. Mas quando esse tipo de ingrediente falta, minha devoção fica ainda mais evidente. Depois de muito jogar conversa fora com pescadores do Saco do Mamanguá, rolou um peixinho. Na verdade, algumas postas de dourado-do-mar, compartilhadas (e devidamente cobradas, é claro) por um deles em Cruzeiro, um povoado do lado oposto ao que estávamos.

Lá perto, na casa de veraneio de um coreano, descobrimos um quintal de delícias. Mamão, hortelã, limão, acerola, goiaba... Para ver como é coisa de hábito mesmo: os caiçaras compram isso em Parati Mirim enquanto o coreano, mais habituado à lida da terra, tinha tudo ali. Como o dono da casa (quase certo que é um comerciante do Bom Retiro) não estava, portão não existia, a fartura era grande e a nossa necessidade maior ainda, "tomamos
emprestado" limão e uns galhinhos de hotelã. Com outro morador local conseguimos duas batatas graúdas. Mas o toque de mestre foi mesmo o shoyo e o azeite, também "emprestados" de outro vizinho, que, diferente de nós, naquele momento estava trabalhando em São Paulo. Na nossa casinha beira-mar, utensílios de cozinha era raridade. Por isso, o peixe pode não ter assim uma presença bacana - mas foi sim o melhor que comi no Mamanguá.

Em tempo: depois da experiência, decidi montar uma maletinha de temperos. Ela irá viajar comigo para sempre, independente do destino.

19 novembro 2008

Saco do Mamanguá - Peixe, só no mar


Tirei uma semaninha de folga e não me passou pela cabeça que encontraria assunto gastronômico em um lugar como o Saco do Mamanguá, no Rio de Janeiro, onde toda a oferta são três barracas de caiçara que servem peixe, arroz, feijão e farinha. Uma delas, tocada por um simpático senhor evangélico, nem cerveja para acompanhar... A verdade é que comida é sempre comida e até quando ela falta vira assunto.


Nem mesmo na alta temporada o único fiorde brasileiro oferece mais que o PF a base de peixe. Chega a ser surpreendente a falta de hábito de fazer uma horta no quintal para garantir uma saladinha, um temperinho... A única coisa que eles plantam é a mandioca, que garante a farinha para o ano inteiro - em boa parte do ano, ela inclusive substitui o arroz.


Desembarcamos no Saco do Mamanguá de mãos abanando, porque disseram que tinha uma venda por lá. Uma trilha de 1h20 e quatro praias depois, chegamos ao tal bar do Zizinho (um dos três do local), que tinha sim uma vendinha anexa. Mas estava vazia: pão, manteiga, frios nem em sonho. Como turista nesta época é raridade, só tem enlatado mesmo. Cerveja, sardinha, uns vidros de palmitos suspeitos, com cara de que foram extraídos do quintal mesmo, e molho de tomate. "Só que o macarrão acabou, moça. Vamos reabastecer pro ano novo".



Bom, mas com aquele marzão, o peixe estava garantido, certo? Errado. Nadávamos com eles, passávamos horas no píer observando-os, mas sem nenhuma varinha à mão, ter um deles para botar na panela era difícil. Muitos pescadores estavam embarcados à caça de camarão para vender na cidade e os poucos moradores locais que tinham um peixinho não queria saber de vender - era para a subsistência mesmo. O garoto aí da foto descolou o almoço (dele, é claro), e nós ficamos a ver barquinhos, sonhando na esperança de que de algum deles pudéssemos conseguir um peixão! (Continua...)

08 novembro 2008

Doce motivo para ir a Paris

Minhas andanças pela Europa são poucas – e gosto de ver um pouquinho de cada vez. Aquela coisa de “toda Europa em 15 dias com tradução simultânea para o português” me dá urticária. Eu não quero apenas ver, mas sim provar tudo o que os novos lugares oferecem. E como não tenho estômago de avestruz e nem ganhei na megasena, é preciso ir com calma, conhecer um lugar de cada vez. Paris continua na lista de desejos e entre tantos motivos somei mais um graças a uma amiga chamada Cláudia. Ela mandou a foto aí de cima dizendo: “vi isso e lembrei de você”. Acertou em cheio!



As éclairs artísticas são da Fauchon, a mesma que tem chás, infusões e geléias vendidos em alguns empórios bacanas aqui de São Paulo (a geléia de frutas vermelhas é incrível!). Em funcionamento há mais de um século, a matriz conta com restaurante próprio, salão de chá, chocolates, mais de 30 tipos de foie gras e muuitos docinhos - entre eles 30 versões de éclairs decoradas. Já está anotado: assim que pisar em Paris (seja lá quando isso vai acontecer) vou correndo para La Maison Fauchon na Place de la Madeleine. Ok, tem várias por lá e e também em outras partes do mundo, mas eu quero ir nesta, fazer programa de turista mesmo! Além do chá em xícara de porcelana Limoges, vou pedir Madame Joconde, essa bomba de creme de chocolate com amêndoas decorada com os olhos enigmáticos da Mona Lisa.

06 novembro 2008

Tome um frozen e salve o planeta


O calor de verdade não deu as caras ainda - mas a novidade mais quente - ops, melhor, mais gelada - do verão é uma questão de dias. Na Alameda Lorena, ao lado do Suplicy Cafés Especiais, e no mesmo endereço onde a rede argentina Havanna tentou emplacar uma loja, está a todo vapor a reforma para a inauguração da Yogurberry. Com várias unidades nos Estados Unidos, inclusive em Nova York, a marca na verdade nasceu na Coréia, está também nas Filipinas, Malásia, China e Vietnã, e deve sua fama, sobretudo, a um conceito.

O carro-chefe da Yogurberry é um frozen yogurt livre de gorduras, que vem acompanhado de frutinhas. E mais: é frozen que não ameaça a circunferência da sua cintura (a porção menorzinha tem apenas 25 calorias) e muito menos causa danos ao planeta, pois a rede tem como bandeira o fato de só usar ingredientes orgânicos, material reciclado e tudo o mais. Ou seja: quem vira fã de um frozen Yogurberry é, acima de tudo, uma pessoa preocupada com o seu bem-estar e com o bem-estar de todos os outros seres do universo. Alguém duvida que a Yogurberry já pegou e que a lojinha nos Jardins, pequena, vai ter fila na porta logo mais? É só esperar para ver.

05 novembro 2008

Tem cara de quê?

Escolher nome é uma coisa muito séria. Duvida? Pense rápido em quantos amigos ou pessoas com nomes esquisitos já conheceu e aí deu graças a Deus por ter um nome assim, digamos, normalzinho. Quando o tema chega ao cardápio então, mais difícil ainda. E olha que o pessoal dos botecos Brasil afora, sei lá se movido a álcool ou não, tem cada idéia! Na Cervejaria Devassa por exemplo, Cachorrona é nome de hot dog, Bem-dotado é uma porção com meio metro de lingüiça e pães e se você chamar pelos Deditos Endiabrados ficará diante de tirinhas de peixe ao molho apimentado. Outros quitutes têm referências musicais, históricas... No A Juriti (R. Amarante, 31, Cambuci, Tel.: 3207-3908), um autêntico boteco inaugurado há mais de cinco décadas, adivinha o que é a calabresa Joana D'Arc? Fritinha da silva, no fogareiro a álcool oras! Pois bem, você não tem o bar, lanchonete ou restaurante e nem tem filho chegando em breve, mas tua caixola está cheia de idéias? Então que tal batizar esse suculento sanduba aí da foto? Ele leva no meio do pão hambúrguer, molho de tomate caseiro com ervas finas, alface americana e maionese da casa e irá fazer parte do cardápio da Matriz Hamburgueria, em São Paulo. Até dia 30 deste mês, você pode passar por lá e dar um nome pro sujeito. A idéia mais criativa, aquela que fizer os donos da casa salivar, vai batizar oficialmente e para todo o sempre o sanduíche. Mas não é só isso: o vencedor será o primeiro a degustar o lanche e ainda ganhará uma viagem (com passagens áreas e hospedagens por sete noites para duas pessoas) para Buenos Aires ou Bariloche. Vale arriscar não?

O Gulodice não morreu, estava apenas regurgitando idéias. Mas agora está de volta.

02 outubro 2008

Hambúrguer: uma invenção nômade

A trajetória do maior ícone do way of life americano começa, provavelmente, no fim do século 18, quando tribos nômades da Ásia resolveram picar e temperar a carne bovina para que durasse mais. A receita, que até então era consumida crua, pegou carona em navios alemães que faziam a rota do Báltico. Há pouco mais de cem anos, já no formato que devoramos hoje, esse jeito de comer carne partiu de Hamburgo para a América, onde desembarcou como hamburg style steak. Aí os americanos juntaram o pão, o queijo, a salada... e o mundo inteiro copiou, oras.
No Brasil, ao contrário do que muitos pensam, o maior responsável pela popularização do hambúrguer foi a rede Bob’s, que inaugurou sua primeira loja em 1952, no Rio de Janeiro. O McDonald's só chegou por aqui em 1979, também no Rio de Janeiro. Dois anos depois foi a vez dos paulistanos aprenderem a pedir Big Mac na loja da Avenida Paulista, aberta em 1981.

29 setembro 2008

Coxinha, um capricho real

Dizem que a coxinha surgiu na região de Limeira, no interior de São Paulo, graças aos caprichos de um filho da Princesa Isabel e do Conde D’Eu. Por ser deficiente mental, o garoto teria crescido isolado em uma fazenda. Como muitas crianças, ele tinha lá suas manias alimentares: do frango gostava apenas do peito e das coxas. Um dia, ao perceber que não havia coxas e peito da ave suficientes para dar ao menino, a cozinheira tratou de transformar as outras partes que tinha em coxas, moldando-as numa massa feita a base de farinha e batata. O menino adorou e ao saber disso sua avó, a Imperatriz Tereza Cristina, quis experimentar. Gostou tanto do petisco que acabou levando-o para a corte, popularizando-o. Verdade ou lenda, difícil dizer. Mas o fato é que esta história sobre a invenção do salgado mais popular do país é muito boa!

28 setembro 2008

Um café pra nós dois...

Passado o ti-ti-ti do jacu bird coffee, mas ainda falando de café, resolvi postar essa cafeteria italiana da marca GAT que acaba de chegar no Brasil. É daqueles produtos que entram fácil da lista Objetos de Desejo. O sistema é idêntico ao das cafeteiras italianas: a água é colocada na parte de alumínio e o pó vai em um filtro acima. Assim que ferve, a água passa pelo filtro com o pó e cai, já café, diretamente nas duas xícaras. Se funcionar direitinho, é uma maravilha, pois além de prática ainda é muito bonita, não? Tem em várias cores, custa 119 reais e está a venda nas lojas da Tabacaria Lee (Informações, 2252-2635). Quem importa é a Full-Fit, que aliás traz ao país centenas de outros objetos, daqueles que quem gosta de uma cozinha é capaz de jurar que "precisa".

25 setembro 2008

Jacu coffee (ou café de cocô de passarinho)

Muito já se disse sobre o café kopi luwak, aquele grão ingerido e depois defecado por felinos do povoado de Sumatra, na Indonésia. Atualmente, um expresso feito a partir destes grãos é vendido na rede Starbucks por 28 reais. Pois bem, a partir de hoje São Paulo já tem sua versão tupiniquim, o jacu bird coffee, disponível apenas na loja da Alameda Lorena, do Suplicy Cafés Especiais.

Em vez de felino, nosso “animal processador” dos grãos é está simpática ave aí ao lado, chamada jacu. Especializada em cafés orgânicos, a Fazenda Camocim, cercada de mata virgem na região montanhosa da Pedra Azul, no Espírito Santo, vinha sofrendo muito com os prejuízos causados pelo jacu em suas plantações de café. Mas aí alguém ouviu falar da história do kopi luwak e resolveu fazer o teste. Não é que deu certo? Hoje, os agricultores colhem todas as manhãs os grãozinhos do jacu bird coffee – na verdade, o cocô da ave, que ingere e depois defeca os grãos sem digeri-los. Dizem que da reação química dos grãos com os sucos gástricos do animal é que resulta em um café de altíssima qualidade. A produção é incerta, depende da fome do pássaro, e quase tudo vai para o exterior. Daí o preço sobe, né? No Suplicy, que conseguiu um pequeno lote da iguaria, o expresso jacu custa 8 reais, o solo, e 14 reais, o doppo.

E alguém paga isso em uma xícara de café? Como gosto muuito de café, sou para lá de curiosa e queria postar a novidade no blog, eu paguei. Já tinha provado o kopi luwak no Santo Grão tempos atrás (não está mais no cardápio) e na minha leiga opinião, ambos são parecidos: resultam em bebida leve, saborosa, de pouca acidez e de boa qualidade. Mas não é lá muito diferente dos bons cafés que a gente encontra numa cidade como São Paulo. De diferente mesmo só a reação dos atendentes. Como os raros grãos chegaram hoje, acho que nenhum cliente tinha provado ainda. E todos me olharam com um misto de riso, curiosidade e estranheza. "Afinal, porque ela pediu o jacu coffee?"

24 setembro 2008

De colher


Esta dica eu roubei do blog da minha amiga Silvana Azevedo, que escreve o Garfolândia. Eu sou da turma que dispensa os bolos lambuzados da Amor aos Pedaços. Gosto de doces mais sutis, com mais equilíbrio entre a massa e o que vai no meio. Mas não dá para negar que o recheio deles é muito bom. Adorei a idéia de ter em casa uns potinhos assim, para comer de colher, fora de hora. Deu vontade de sair correndo para a primeira loja Amor aos Pedaços, mas pensando bem.... E a eterna dieta, como fica?

22 setembro 2008

Pequenas jóias de cacau

Adoro doces, mas não sou chocólatra. Troco fácil um Alpino por um docinho de leite. Mas há chocolates e chocolates e aos chamados chocolates gourmets eu realmente me rendo. Em geral eles são delicados, feitos de matéria-prima importada e custam (muito) caro. Em Os Cinco Mais da semana, chocolates que fazer qualquer um (sobretudo as mulheres) perder o juízo.


Saint Phyllipe - Difíceis de achar, vendidos somente em lugares de bacanas como Empório Santa Maria e Enoteca Fasano e custam uma fortura. Mas se dinheiro não é problema ou a proposta é fazer uma loucura, invista sem medo! Depois de estudar na Suíça e estagiar com grandes mestres da pâtisserie, Andressa Vasconcellos criou a marca luxuosa. Feitos de chocolate belga e com recheios variados, os bombons reluzentes vêm em caixinhas pretas com fita dourada. Os de chocolate amargo são os meus prediletos. www.saintphylippe.com.br.

Chocolat du Jour – Tenho verdadeira devoção pelas latinhas douradas da marca. Feito alquimista, a chocolatière Claudia Landmann mistura matéria-prima belga e brasileira. O resultado surpreendente e sem conservantes dá forma a bombons variados, a invenções como pipoca coberta de chocolate e também às trufas que, como anuncia a marca, são feitas no dia. A amarga é minha perdição! Rua Haddock Lobo, 1672, Jardins, 3062-3857. www.chocolatedujour.com.br.

Busy Bee Chocolates – A pequena lojinha na Vila Madalena tem um agradável café anexo e dá para espiar a fábrica dos bombons em ação. Mas eu gosto mesmo é da língua de gato, batizada assim por causa do formato. Vem em caixinha, perfeito para carregar na bolsa. E como a base mistura chocolates importado e nacional, nem custa tão caro. Busy Bee Chocolates, Rua Fradique Coutinho, 1109, Vila Madalena, 3816-6664. www.busybeechocolates.com.br.


Cau Chocolates – Outro lugar que trata os bombons como se fossem jóias, expondo-os em vitrines bacanas e com embalagens lindas. Eles são feitos de Callebaut (uma massa de cacau belga incrível) e ganham recheios variados. Há vários sofisticados, mas a linha mais surpreendente é a Brasil, que tem bombons de maracujá, limão e até caipirinha. Rua Peixoto Gomide, 1740, Jardins, 3081-9820. www.cauchocolates.com.br.

Neuhaus – Para minha tristeza, a loja da Lorena fechou cinco meses atrás - restou apenas a do Iguatemi. A marca belga existe desde 1857 e tudo o que está na loja vem de lá. Reza a lenda que no verão, para manter a qualidade, os bombons ficam no aeroporto em uma sala climatizada e só são transportados para a loja durante a noite. O minúsculo cone de gianduia, meu preferido, custa quase seis reais. Parece caro? Diante da felicidade que me proporciona, não é mesmo! Shopping Iguatemi, 3815-8831. www.neuhaus.com.br.

19 setembro 2008

Comida para ver

É difícil ficar indiferente às criações do artista belga Wim Delvoye. Sua mais famosa obra é Cloaca, uma engenhoca gigantesca que demorou oito anos para ficar pronta e cuja única função é produzir excrementos humanos. Agora o pai da "máquina de fazer cocô" invetou este tapete aí da foto, atualmente exposto no Museu de Arte Contemporânea da Antuérpia. Ele é todinho feito de salame, mortadela, presunto e outros embutidos. Até que ficou bonito, mas eu ainda prefiro estes ingredientes dentro do pão!

18 setembro 2008

Com ou sem colarinho?

Minha lista de Os Cinco Mais da vez elege os locais bacanas para tomar um chope, levando em consideração quesitos totalmente subjetivos do tipo, "é perto da minha casa", "os meus amigos frequentam", "tem cara de praia" e por aí vai. Mas é claro que não tem chope ruim na lista, certo? Na dúvida, percorra a cidade, de bar em bar, e depois me conta.


O Frevinho é bom a qualquer hora, mas sobretudo no meio da tarde nos dias de semana. Se você for um privilegiado como eu, que às vezes pode se dar ao luxo de tomar um chopinho nesta hora, ocupe um lugar no balcão e peça um rabo-de-peixe. A bebida é levinha, saborosa... E saber que o mundo trabalha feito louco enquanto você se presenteia com um pequeno momento de prazer como esse é uma sensação indescritível! Rua Oscar Freire, 603, Jardins, 3082-3434.


Sei pouco de futebol, mas acho tão estilosa a parede cheia de quadros do São Cristóvão! As comidinhas são tentadoras (alheira cai bem com o chope sempre gelado) e o ar desencanado da casa atrai gente bem interessante. Rua Aspicuelta, 533, Vila Madalena, 3097–9904.

Em um domingo ensolarado, para fazer de conta que estou no Rio, o lugar é o Pirajá. A gente toma vários chopes
sem se dar conta. O boteco fica de esquina e as mesas da calçada são as mais bacanas. Para rebater o efeito do álcool peça a porção de croquete de abóbora recheado de carne-seca. Avenida Brigadeiro Faria Lima, 64, Pinheiros, 3815–6881.

O balcão que serpenteia todo o salão do Bar Balcão (redundância, eu sei) faz a gente se sentir entre amigos - não por acaso, sempre tem uns solitários po lá. Mas além de ser perto de casa, gosto pelo clima intimista, propício ao bom papo e à paquera. Depois de alguns chopes, olhe o cardápio. Há ótimos sanduíches, mas eu viciei na porção de mussarela de búfala acompanhada de um cestinho de pão ciabatta quentinho. Rua Melo Alves, 150, Jardins, 3063–6091.

Ah, quantas noites bem terminadas no Filial! Falei que não ia eleger melhor chope, mas dos cinco talvez este seja o meu preferido. Chega um atrás do outro, na temperatura e colarinho ideais, nem precisa pedir. Só tome cuidado porque os garçons, empolgados, as vezes levam o anterior antes mesmo de você arrematar. Da cozinha também saem, madrugada adentro, ótimas porções. Rua Fidalga, 254, Vila Madalena, 3813–9226.
Mônica Santos trocou o carro por táxi faz tempo e não entende porque todo mundo, em vez de se preocupar como driblar os comandos policiais da Lei Seca, não faz o mesmo.

12 setembro 2008

Com açúcar e com afeto

Desde que li Alta Fidelidade, de Nick Hornby, que já virou peça de teatro e filme, peguei mania de listas. Para quem não lembra ou não conhece, o protagonista Rob Fleming é um fracassado com mulheres e passa a vida fazendo listas de tudo. Das melhores e das piores coisas e, sobretudo de suas músicas preferidas. Aliás, a trilha do personagem é show! Daí nasceu a idéia de Os Cinco Mais. De tempos em tempos, vou postar minhas preferências por guloseimas, bebidas, lugarzinhos bacanas, peças em cartaz e o que mais der na cabeça. E não tem melhor tema para começar que... DOCES. Foi difícil escolher apenas cinco, mas aí estão. Em vez de ficar babando, vá experimentar.


Quindim, do Alice Quindim - É vendido em caixinhas em alguns supermercados da cidade, mas o melhor é comprar direto na pequena fábrica de Pinheiros. É de pirar ver os funcionários preparar aquelas pequenas jóias reluzentes. Podem me condenar, mas nem em Portugal provei quindim tão bom. Rua Cônego Eugênio Leite, 1040, 3815-1069.


Bolo de laranja com baba-de-moça, da Vó Sinhá - Caseiro com gosto de infância. A baba-de-moça vai no meio e também na cobertura, formando casquinha crocante em cima da fatia de massa úmida. Com o café curto, forte, rola um contraste de sabores divino. Rua Augusta, 2724, Jardins, 3081-2389.


Brownie, da Helô Doces - Outro vendido em supermercados como o Empório Santa Luzia, em embalagens de 60g, 250g ou 500g, mas vá direito à fonte. O cheiro da massa saindo forno nos recebe na calçada. Lá dentro, por uma enorme parede envidraçada, avista-se a cozinha clara e os confeiteiros, todos de branco, trabalhando o brownie que, incrivelmente, não leva nada de farinha. Daí o resultado único, difícil de reproduzir. Peça um pequeno para comer na hora (é o tipo de coisa que não dá para adiar) e leve uma bandeja para casa. Aquecido, acompanhado de sorvete de creme, faz um sucesso como sobremesa de qualque jantar bacana. Rua Lira, 75 - Vila Madalena, 3814-4854.



Bureka de chocolate, da Casa Búlgara - Bom Retiro é lugar de comprar bastante roupa legal pagando pouquíssimo, certo? Para mim, há definição melhor: é onde vou quando quero matar a saudade das burekas feitas por esta simpática senhorinha de 81 anos, a búlgara Lona Levi. De origem judaica, trata-se de uma rosquinha de massa folhada, com recheios variados, doces e salgados. Mas a de chocolate... O recheio é denso, levemente amargo. A lojinha, muito simples, tem mais de três décadas e a dona Lona, boa de papo, sempre está por lá. Rua Silva Pinto, 356, 3222-9849.

Vol-au-vent de baunilha, da Cristallo. Para começar o dia, para o fim de tarde, para aplacar o mau humor, para entender o que são os pequenos prazeres da vida. Peça um expresso e um mini vol-au-vent. Receita clássica européia, recheada de levíssimo creme de baunilha, tudo feito no dia. Sem mais comentários. Rua Oscar Freire, 914, Jardins, 3082-1783.