26 dezembro 2008

Bacalhau à Seu Alfredo

Sou íntima das panelas, modéstia parte em geral me saio bem mesmo nas experimentações mais estapafúrdias. Entre os amigos, já desfruto até do prestígio de ter "mão boa" (e, confesso, fico toda cheia com os elogios). Mas, curiosamente, este é um dos meus dotes que minha família pouco conhece - até porque é duro fazer mãe, tias, avós e afins largarem a missão... Então foi passando, até que numa dessas reuniões de família eu abri a boca e disse que do Natal de 2008 cuidaria eu. No início de dezembro, as matronas me cobraram, certas de que eu ia desistir. Depois, quando abracei a missão, queriam meter a colher. E eu, claro, não deixei de jeito nenhum!

Bom, escalei prima e irmã, deleguei tarefas e inventei de fazer para a véspera uma bacalhoada, embora nunca tivesse feito uma antes. Em geral, não vejo problema algum com novidades - pego receitas, faço minhas invencionices e em 99% das vezes dá super certo. A questão era o 1% que podia dar errado... Não se tratava de mais um jantarzinho. Era a ceia de Natal da minha família, uma turma de 20 pessoas. Aí, me deu um medinho de fazer feio diante daquelas cozinheiras tarimbadas! Ok, se desse errado, tudo ia acabar em risada, como tudo na minha família. Mas eu fui tomada de uma encanação: não queria de jeito nenhum que o Natal de 2008 fosse lembrado como "o dia em que a Mônica pagou o mico diante das panelas".

Então, além de ler mil receitas na internet e pesquisar em livros, eu tratei de ir falar com quem entende. Seu Alfredo, pai de uma amiga lá de Bauru, tem a cozinha como profissão e muito atenciosamente me deu dicas preciosas. Claro, como de costume, não segui 100% à risca. Mas deu super super super certo, as pessoas amaram e eu estou tão feliz hoje! Em dois dias de comilança, teve também entradas, acompanhamentos, sobremesas, tender, pernil, camarão da moranga... Mas foi o bacalhau o maior sucesso. De repente mãe e tias (elas que sabem tudo!) queriam "a minha" receita. Ah, demais! O segredinho, que fez toda a diferença, foi fazer um refogado de cebola, tomate e salsinha, tudo bem picadinho, em vez de colocar apenas estes ingredientes levemente salteados entre as camadas do peixe. Além disso, o peixe não passou por água quente. E tudo isso foi coisa do Seu Alfredo. Por isso, assim batizo a minha mais nova especialidade. Não é à Gomes de Sá, à José Maria e nem à Pardal Monteiro (todas variações típicas de Portugal). A minha receita de bacalhau é o Bacalhau à Seu Alfredo. Vai aí um passo a passo, testado e aprovado!

Em tempo: família já marcou uma nova bacalhoada para eu fazer em fevereiro. Fora isso, eu ainda não sei que desculpa vou dar para fazer mãe e tias assumirem a ceia do Natal 2009. Gostei da brincadeira, mas cansou demais!! Tem horas que eu prefiro ser convidada mesmo.


Bacalhau à Seu Alfredo

1 quilo de bacalhau em postas dessalgado
14 tomates
3 cebolas
10 batatas
1/2 maço de salsinha
2 ovos
200 gramas de azeitona portuguesa
1 pimentão vermelho
alho, azeite, pimenta e sal

Modo de fazer:
- Corte as batatas em rodelas e cozinhe-as levemente (não devem ficar muito moles, para não desmanchar).
- Numa panela, frite alho no azeite e junte a salsinha, 12 tomates e duas cebolas picadinhos. Tempere com pimenta do reino e sal, sem exagero! Coloque um pouquinho de água, para fazer um refogado encorpado.
- Forre o fundo do refratário com uma camada desse refogado, em seguida coloque as postas do peixe, mais refogado e depois uma camada de batatas. A cada nova camada, regue com azeite e jogue um pouco de azeitona, ok? Alterne as camadas até acabar os ingredientes, deixando por último uma camadinha do molho refogado. Por cima, fatie dois tomates, uma cebola e o pimentão.
- Cubra com papel alumínio e leve para o forno (durante o cozimento, é normal soltar muita água e derramar. Por isso, coloque uma forma sob o refratário). Fica pronto em cerca de 1h.
- Antes de servir, decore com azeitonas e ovos cozidos.

21 dezembro 2008

Refrigerante 15, muito prazer

Há quase dois anos, por motivos profissionais, tenho ido muito a Jaú, no interior de São Paulo, a 299 km da capital. E desde a primeira vez uma coisa me chamou a atenção: o fanatismo por um tal refrigerante que só vejo no cardápio de bares e restaurantes e nas prateleiras de supermercados daquelas bandas. É assim: para a maior parte dos jauenses, depois da Coca-Cola, o melhor refrigerante do mundo é Refrigerante 15, disponível em cinco sabores: guaraná, cola tradicional e light, laranja, maçã e soda limonada, que é o mais vendido de todos. Alguns, aliás, não titubeiam em colocar o 15 no topo da lista.

Curiosa que sou, provei guaraná 15 e, claro, continuo achando que o Antarctica, com laranja e uma pedrinha de gelo, é imbatível. Mas gosto não se discute, sobretudo, quando entra em jogo aquela coisa de memória afetiva, né? Eu, que tomei muita Tubaína (produzida pela empresa Ferráspari, de Jundiaí desde os anos 40, e imitada à exaustão) quando era criança, sou capaz de jurar que aquela bebida tutti-fruti é uma delícia.

Só para ter uma idéia do poder da marca Refrigerantes 15, a fábrica completa no próximo ano 85 anos de atividade e produz, por dia, 72 mil litros de refrigerante. As garrafas pet de 2 litros são distribuídas para as cidades situadas no raio de um 100 km da cidade de Jaú. O Refrigerantes 15 é ainda o patrocinador oficial de outra paixão da cidade, o time de futebol XV de Jaú, também um veterano prestes a completar 85 anos e que em 2009 vai disputar a série A3 do Campeonato Paulista.

Rapidamente, lembro de outros dois refrigerantes regionais que fazem sucesso de montão:

Guaraná Jesus: produzido em São Luís, no Maranhão, e invenção de um farmacêutico nos anos 20. Ele tentava criar um remédio a base de guaraná e outros dezesseis ingredientes amazônicos usando uma máquina de gaseificar. Jesus, como era chamado o farmacêutico ateu, acabou criando a famosa bebida cor-de-rosa com gosto de cravo e canela, hoje um dos símbolos culturais do Maranhão. A Coca-Cola, que não é boba nem nada, foi lá e pagou uma fortuna para ser o distribuidor do Guaraná Jesus.

Mineirinho: é um refrigerante de guaraná e chapéu-de-couro, fabricado em São Gonçalo e distribuído principalmente no estado do Rio de Janeiro. O nome deve-se a sua origem: ele nasceu em Ubá, Minas Gerais, em 1946. Foi só nos anos 80 que uma empresa fluminense comprou os direitos de fabricar a bebida, hoje distribuída pela Brahma. A produção é pequena e a versão mais facilmente encontrada no Rio é o Mineirinho em garrafa pet. Mas, com sorte, você acha também naquelas máquinas post-mix, que tem Pepsi e outros refrigerantes Brahma.
E você? Conhece, é fã, ou já provou algum refrigerante regional? Conte aqui, ajude a aumentar a lista!

09 dezembro 2008

Meu novo necessàire

Outro dia, aqui mesmo nesse blog, ao narrar a dificuldade que foi cozinhar sem nenhum temperinho lá no Saco do Mamanguá, eu prometi que ia montar uma maletinha de temperos viajante. A idéia ficou na cuca desde então - e fiquei pensando em tudo o que poderia ter comigo sempre, em todos os lugares... Mas, claro, foi preciso impor limites às minhas idéias malucas, senão em vez de uma maletinha de temperos, eu teria mesmo era de sair por aí puxando uma mala de rodinhas.

Como a vida precisa ser simples, decidi reduzir meu kit de primeiros socorros na cozinha a apenas seis vidrinhos (daqueles de geléia mini - paguei míseros R$ 0,87 por cada na 25 de Março). O resultado está aí. Onde quer que eu vá (na praia, na fazenda, no camping...), terei sempre à mão a partir de agora:

Orégano: para os antigos gregos, ele tinha o poder mágico de trazer felicidade. E eu concordo: dá vida nova a um simples tostex de queijo branco, perfuma a berinjela à parmegiana, o molho de tomate e, claro, as pizzas!


Curry: o exótico tempero de origem indiana é, na verdade, a mistura de muuita coisa. Pode levar até uns 20 ingredientes diferentes, mas em geral tem canela, vários tipos de pimenta, cardamomo, gengibre (qualquer dia vou tentar fazer em casa, aí conto o resultado e se der certo passo a receita). O fato é que além de deixar a comida com cor vibrante, dá um sabor danado. Vai bem em sopas, legumes, molhos... Eu adoro no arroz e no frango.
Pimenta-do-reino: outra especiaria de origem indiana, mas o Brasil atualmente é um dos maiores produtores do mundo. Nem precisa dizer nada, né? Dá aquele adorável toque leve e picante e vai bem em tudo. Para peixes, basta sal, limão e uma pimentinha-do-reino (se moer os grãos na hora, fica mais gostoso ainda).

Ervas de Provence: estas inclui no kit feito trapaça mesmo, porque em vez de uma, tem várias ervas de uma só vez. Trata-se de uma mistura característica do sul da França. A que eu tenho combina alecrim, tomilho, manjerona, salsa, estragão, flores de lavanda, aipo e louro em folhas. Duas colheres de chá fazem maravilha a um quilo de frango inteiro.

Páprica: vem do pimentão vermelho, seco e moído, e tem, dizem, origem latino-americana - mais especificamente, do México. Pode ser mais ou menos picante e é bastante usada também na Espanha, em Portugal (nos embutidos) e no goulash dos húngaros. Fica legal em peixes, carnes, sopas, com batatas...

Manjericão: adotado principalmente nas cozinhas italiana e francesa, mas minha dica é que vai bem em tudo o que leva tomate. Sou especialista em transformar qualquer pedaço de pão esquecido (mesmo sem ser italiano) em bruschettas: é só cobrir com tomatinho picado, queijo, manjericão (claro, as folhinhas frescas são muuuito melhores) e um fio de azeite, levar ao forno e... pronto!
PS.: Ainda não achei a maletinha ideal para os vidrinhos, não vejo a hora de viajar e usar meus temperos de viagem e, claro, continuo na busca de uma solução mágica para carregar ervas frescas em vez das desidratadas.

08 dezembro 2008

Harry Pisek, agora em SP


Meu sobrinho de dez anos vive aquela fase em que batata frita, catchup e mostarda compõem a refeição mais perfeita que pode existir. Mas há um fato em que me agarro para acreditar que isso é coisa da idade, de um paladar ainda não evoluído e que, sim, um dia, o moleque vai saber apreciar as boas coisas da mesa. E isso tem haver com Harry Pisek, dono do restaurante de mesmo nome lá em Campos do Jordão. Miriam, a mulher dele, que também é chef de mão cheia, faz uma mostardas incríveis, que são o acompanhamento perfeito para os embutidos da casa. Tempos atrás dei um vidro desta mostarda, da variação que leva açúcar mascavo, para meu sobrinho. Desde então, ele vive a proclamar que foi a melhor mostarda que já comeu na vida (e olha que, apesar da pouca idade, ele é especialista na coisa).

A boa notícia, que surrupiei do blog Garfolândia, é que o Harry Pisek abriu no início do mês uma filial paulistana de seu restaurante, eleito pelo Guia 4 Rodas como o melhor restaurante alemão do Brasil, no bairro Higienópolis (R. Tupi, 816, Higienópolis, 3662-2349), Ainda não fui experimentar - mas vou. E, claro, na saída, vou comprar os ótimos embutidos e mais uns vidros de mostarda para o pequeno. Afinal, paladar é coisa que pode ser treinada!

05 dezembro 2008

Nas bancas 2

Chegaram às bancas, juntinhos, dois trabalhos que eu curti fazer em momentos diferentes. O 101 Praias de Sonho (Ediouro, R$ 39,90) reúne, é claro, 101 praias que você precisa de ir qualquer jeito agora ou um dia. Meu trabalho foi juntar todas as informações colhidas pela equipe do Guia Quatro Rodas país afora e editar num único texto, leve e gostoso de ler.

O outro é o VIP Guia de Estilo (Abril, R$ 19,90), um manual do que pode e não pode para homens (ótimo presente de Natal para aquele cara que vive comentendo equívocos). É claro que toda minha experiência em moda masculina até então era palpitar na roupa do namorado. As dicas todas são de Marília Campos Mello, editora de Moda da VIP. Eu somei forças na edição de texto e no fechamento do guia. E, de quebra, agora acho que posso palpitar mais ainda.