30 agosto 2008

Bauru e engenheiro que virou sanduíche




Sou paulistana da Zona Norte, mas foi em Bauru que eu virei jornalista, experimentei pela primeira vez o trabalho em redação, vivi aventuras e amores. Hoje eu tenho na cidade-sanduíche um monte de amigos e até um apê. Ok, na planta ainda, mas eu tenho oras! Por isso às vezes fico mais lá do que aqui. Mesmo assim eu não conhecia o Bauru Chic inaugurado em 2004.

Fui lá semana passada, levada por alguém que sabe o que eu gosto e tinha certeza de que eu adoraria o lugar. Parafraseando o nome do filme de João Batista de Andrade, ali o engenheiro não virou suco, mas sanduíche. Ex-professor de engenharia da Unesp (onde eu estudei!) José Egberto Cavariani abriu esta simpática lanchonete quatro anos atrás para ser um cantinho de curtição da cidade. Fotos de bauruense que ficou famoso e até o escudo do Noroeste estão nas paredes de tijolinho, o atendimento é gentil e eficiente, mas o melhor mesmo é o cuidado com o bauru em sua versão original, que leva rosbife, queijo fundido, tomate e pepino no pão francês. A toalha americana das mesas registra em quatro idiomas a origem da receita.

Depois fiquei sabendo que o Conselho Municipal de Turismo de Bauru inventou um selo para preservar a receita original e o Bauru Chic recebeu o seu quinze dias atrás. Os outros cinco lugares certificados são o Lanches Skinão (o sanduba ali é bom, mas o atendimento sempre me decepciona) e o Bar Aeroporto, também em Bauru, e as três unidades paulistanas do Ponto Chic, onde Casimiro Pinto Neto, que era bauruense, inventou o sanduíche.

Agora, depois do Ponto Chic, este é meu segundo lugar preferido para comer o bauru de verdade. Pão crocante, rosbife na espessura certa, queijo no ponto...hummm. O único problema é que estava tão bom que não me lembrei de fazer a foto para o blog. Então, da próxima vez que for a Bauru, terei de passar novamente no Bauru Chic (R. Baptista Antonio de Angelis, 1-01, fone 14-3266-1587). Vida difícil!

29 agosto 2008

Chá da tarde


A minha paixão por café é assunto que merece um post mais inspirado em outra oportunidade. Mas eu também adoro os chás. Não sei bem quando e nem o que motivou isso, mas escrever tomando um chazinho é um hábito que eu adoro cultivar. Quem já trabalhou comigo sabe: sempre tive minha canequinha sobre a mesa. Um companheiro de redação mais ligado me deu lindas xícaras de chá de presente. Outro, quando visitou uma casa de chá chinesa nos Estados Unidos, me trouxe incríveis e perfumadas ervas para infusões. Hoje trabalho em casa e esse charmoso bule aí da foto é meu companheiro de muitas tardes no computador.
Gosto de todos os chás e mesmo quando não há comprovações científicas eu acredito que eles fazem bem: camomila para desintoxicar o fígado, cidreira para aliviar dores de cabeça, erva doce para cólicas intestinais e para melhorar a pele, hortelã para problemas respiratórios, canela para pressão baixa e calafrios, boldo para curar ressaca, verde para emagrecer... E chá de sumiço, para aqueles momentos em que a vida está pesada e a gente precisa se recolher para recuperar as energias. Minha avó paterna, a vó Pierina, tinha sempre na geladeira um chá de carqueja. Amargo de doer a alma, mas independente da doença ela dizia que era bom. Eu fechava os olhos, tapava o nariz, tomava e, juro, melhorava mesmo!
Agora, a verdade é que gosto de chá, mas entendo quase nada. Meus conhecimentos são os que aprendi com os outros, com as revistas... Mas sei quem sabe mais sobre isso: a gaúcha Carla Saueressig, proprietária de A Loja do Chá, uma franquia da alemã Tee Gschwendner, é uma especialista. Com ela, você descobre que o mundo dos chás é tão rico e cheio de curiosidades como o mundo do vinho, por exemplo. No dia 12 de setembro, a partir das 14h30, na Casa Santa Luzia, nos Jardins (SP), ela vai dar um curso básico para iniciantes. A história da bebida, as diferentes formas de preparo, o ritual do chá e, claro, degustações, fazem parte do bate-papo gratuito, que infelizmente dura apenas uma hora. Eis um chá da tarde que vale a pena, mas como são apenas 25 vagas, é bom correr. Inscrições no local ou por telefone (11) 3897-5035.

28 agosto 2008

Dia de feira

"Bom dia linda, o que vai querer hoje?"
"Moça bonita não paga, mas também não leva!"
"Olha o abacaxi fresquinho, experimenta vai"
"Moça, compra um pastel?"



Eu sou daquelas que ainda preferem a bagunça da feira livre aos sacolões e supermercados. Talvez porque tenha gosto de infância. Ia com minha mãe toda quarta-feira e o programa incluia um pastel e um suquinho. Olha que trash, mas eu adorava aquelas bebidas coloridas feitas sei lá do que e que eram vendidas dentro de brinquedinhos plásticos! Bonequinhas, revólveres, carrinhos... Se fazia mal à saúde? Claro que não: eu e uma geração inteirinha estamos aqui vivos para contar! Aliás, será que ainda existe aquilo?

Tentei pesquisar de onde vieram as feiras livres e, como previsto, é tudo incerto. Mas muito provável que tenham surgido por volta de 500 a.C., no Líbano. Faz sentido, afinal, até hoje as feiras permanecem como enorme importância comercial no Oriente Médio, onde mercadores vendem aos berros toda a sorte de produtos.

Mas voltando às melancias, abobrinhas e afins. Eu nem preciso comprar nada na feira, curto mesmo é o passeio, com o sol batendo na cara. Gosto sobretudo das barracas de ervas frescas, de especiarias. Cominho, orégano, canela, louro...E pimentas, adoro pimentas...

Agora eu cresci, moro sozinha e minha feira não é mais às quartas. Perto da minha casa tem duas, uma às quintas e outra aos domingos. Hoje, então, é dia de feira! E lá fui eu: andei de ponta a ponta vendo o colorido das bancas, comprei terra para minhas plantas, ri sozinha de um congestionamento de carrinhos de feira causado por umas senhorinhas estressadas e troquei o pastel por esta tapioca aí ao lado. Com a água de coco, meu almoço saiu por 5 reais. Mas como diz aquele slogan do cartão de crédito, trabalhar em casa e poder se dar ao luxo de passear na feira não tem preço!


Em tempo: adoro feiras livres "perto de casa" mas não "na porta de casa". Uns dois meses atrás fiquei sabendo de um apartamentinho barato em um lugar que me interessava. A empolgação virou fumaça quando me dei conta que bem em frente ao prédio tem uma feira, também às quintas. Essa coisa de não poder tirar o carro quando quer e acordar com gritos de feirante às 3, 4 da manhã eu dispenso. Mas fico feliz porque o mundo é plural: tem muita gente que nem liga para isso e as feiras estão aí!

16 agosto 2008

Nas bancas


Momento autopromoção, mas é sério: duas matérias que eu curti MUITO fazer estão nas bancas agora em agosto. Para a VIP (esta que tem a Leticia Birkheuer na capa) escrevi sobre salgadinhos. Coxinhas, esfihas, pastéis, croquete, tapioca... enfim, quitutes de dar água na boa, que fazem par perfeito com a cerveja gelada e que a gente acha Brasil afora. Já na Menu tem um perfil de Allan Kallens, um chef chileno que anda feito um Dom Quixote pelo país de Neruda com o propósito de resgatar a cozinha andina. Eu o entrevistei em abril, no hotel Della Volpe aqui em São Paulo, dias antes de tirar minhas rápidas férias em Portugal e Espanha (ai que saudade!). Demorou um pouquinho a publicação, mas enfim saiu. O sujeito é a simpatia em pessoa, galanteador, papo bom e, evidente, cozinha muuuito bem. Ele cozinhou para a revista fotografar e eu provei tudo, é claro.

09 agosto 2008

Comer com os olhos

Depois de uma longa e divertida temporada de biografias (que incluiu Maysa, Isadora Duncan, Chico Buarque, Carmen Miranda e Tim Maia), passei a comer com os olhos. Melhor explicando: me entreguei à leitura de livros gastronômicos.


A "comilança" começou em Lisboa, quando me empolguei com dois livros que dizem muito sobre o que vai às nossas mesas por aqui. A Cozinha Ideal, de Manuel Ferreira, que está aí ao lado, é uma bíblia dos portugas candidatos a chef. A primeira edição é de 1933 e traz em verbetes a descrição das receitas lusitanas e suas variações, bem como fala de ingredientes e seu uso. Já o Livro do Bem Comer, de José Quitério, que eu também trouxe de lá, faz uma viagem pela origem das receitas por regiões. O autor mistura poesia, referências literárias, personagens famosos e tudo mais que você puder imaginar para mostrar a saga da sardinha, os bastidores da doçaria de convento, a rota dos queijos da Serra da Estrela... A escrita é arcaica, cansativa, mas vale a pena.

No momento, devoro um livro nacional, que tem um propósito bem parecido. É A Canja do Imperador, com crônicas do crítico J.A. Dias Lopes. Aliás, ele já publicou outro similar, A Rainha que Virou Pizza. A partir de curiosidades, como a de que Casanova consumia dúzias de ostras por dia para manter sua fama, o crítico serve ao leitor histórias sobre a alimentação em várias partes do mundo. É bem gostoso de ler e tem receita de montão. Dá vontade de fazer tudo de uma vez.

01 agosto 2008

Enfim, um blog

Jornalista parece estar sempre em pauta. Basta ver algo diferente e a idéia fica martelando na cabeça, tudo a gente acha que vira matéria. A verdade é que nem sempre o fato rende tanto e falta tempo (e lugar) para escrever tudo o que vemos. Quer jeito melhor que resolver isso que postar em um blog? Rápido, fácil, sem contra-indicações. Se ninguém ler, paciência, ao menos a idéia já saiu da nossa cuca. Pouco convincente a explicação, não? Então outra tentativa: em tempos modernos não basta plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho. É preciso ter um super apê, o carro bacana, "o" homem ideal, o perfil no orkut e, claro, um blog. Então tá.